Descrição
As prostitutas veteranas vêm há décadas cumprindo um importante papel de defesa dos direitos de sua categoria. Mobilizam memórias, experiências e saberes para enfrentar os
desafios do presente. A tese problematiza, a partir das noções de trabalho, ativismo e geração, as histórias de vida de seis veteranas do Norte e Nordeste brasileiro consideradas referências no movimento de prostitutas: Lourdes Barreto, Vânia Rezende, Fátima Medeiros, Diana Soares, Célia Gomes e Luza Maria. A pesquisa tem por objetivo discutir suas trajetórias de trabalho e ativismo na prostituição por meio dos princípios metodológicos da história oral. As memórias perpassam as experiências na profissão, o ingresso na luta política, as alianças estratégicas, o histórico de atuação nas associações que lideram e suas incidências no movimento nacional. Contextualizo as histórias narradas com os cenários locais e as expectativas sociais, raciais e generificadas, aos quais as veteranas respondem em singulares percursos e reinvenções de si. Busco também refletir as formas pelas quais as veteranas ressignificam suas experiências ativistas e seus enlaces com a memória coletiva do movimento brasileiro de prostitutas, em uma discussão entre memória individual e memória coletiva que envolve plurivocalidades e pertencimentos. Nesse sentido, analiso como elas se reportam às experiências ativistas do passado e compartilham práticas e estratégias de luta, o que tem se constituído como um legado geracional. A história pública, enquanto uma plataforma de ação e reflexão, orienta o trabalho com as memórias e oralidades em um compromisso com as diferentes autoridades envolvidas e com os debates públicos do movimento brasileiro de prostitutas.