QUINTA(i)S COSMOPOLÍTICOS: Encontros de Saberes do projeto Cosmopolíticas do Cuidado no Fim-do-Mundo
Trans-Versais – Vivências Dissidentes
No dia 27 de junho de 2024, o jardim da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP) foi palco do evento Quintal da Parcela 2 (Bixas Trans y Travestis: Ancestralidades, Juventudes, Macumba e Vidas Transfronteiriças) Trans-Versais: Vivências Dissidentes, realizado em parceria com a Liga Diversidade e Saúde: Gênero, Raça, Sexo e Sexualidade (FSP/USP). O encontro contou com a presença de três convidadas notáveis: Maya Schneyder, Naiá Curumin e Neon Cunha, que proporcionaram trocas enriquecedoras com estudantes dos cursos de Saúde Pública e Nutrição.
As convidadas compartilharam suas trajetórias, apresentaram propostas artísticas — incluindo livros, slams e poesias — e debateram questões urgentes que atravessam a vida de mulheres trans e travestis, especialmente no contexto da cidade de São Paulo. Além disso, às 16h, foi realizada uma Oficina de Serigrafia e Reaproveitamento no jardim da FSP, encerrando o evento com uma atividade prática.
Conheça as convidadas:
Naiá Curumin, vulgo Trava da Oeste, é uma travesti afro-indígena nascida e criada em Carapicuíba. Trancista, dreadmaker, escritora, poetisa e artista visual, Naiá é autora do livreto “Manifesto Transmarginal” e do livro “Brumas Leves para Peitos Pesados”. É neta de dona Márcia e tia de Maya, trazendo em sua arte e ativismo uma forte conexão com suas raízes familiares e comunitárias.
Neon Cunha, mulher negra, ameríndia e transgênera, é publicitária, diretora de arte e ativista independente. Em 2016, Neon ganhou destaque ao lutar judicialmente pelo direito de alterar seu nome e gênero no registro civil sem submeter-se a processos abusivos, ameaçando recorrer à morte assistida caso seu pedido fosse negado. Sua vitória abriu precedentes para que outras pessoas trans e travestis pudessem realizar a retificação de documentos de forma mais digna e menos burocrática.
Maya Schneyder, escritora, atriz, modelo e passista de escola de samba, é uma ativista trans, negra e periférica, com profunda conexão com as matrizes africanas e com os conhecimentos sobre ancestralidade e raça. Integrante da Marcha de Mulheres Negras e do coletivo Arouchianos, Maya dedica-se à defesa da ocupação histórica da comunidade LGBTI+ no Largo do Arouche, em São Paulo.
Sobre os Quinta(i)s Cosmopolíticos:
O evento integra-se aos Quinta(i)s Cosmopolíticos, espaços-tempo de Encontros de Saberes vinculados ao projeto “Cosmopolíticas do cuidado no fim-do-mundo: gênero, fronteiras e agenciamentos pluriepistemológicos com a saúde pública”, coordenado pelo Prof. José Miguel Nieto Olivar da FSP-USP e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Essa iniciativa busca promover diálogos e construir futuros mais plurais para a saúde pública, partindo de conhecimentos e experiências de grupos historicamente marginalizados, estigmatizados ou excluídos dos debates sobre políticas públicas, bem como de agentes atuantes em diversos âmbitos do campo da saúde.









